Materia Medica de A a Z

ARSENICUM ALBUM (ars)

"A tradução do livro Materia Médica do Dr. León Vannier para o Português foi elaborada com a preocupação de manter a fidelidade ao texto original. Algumas modificações, entretanto, foram realizadas no sentido de adaptar o livro aos recursos digitais de informática. Assim, optamos por acrescentar, na diagramação do original, dois títulos a mais para permitir ao leitor identificar o destaque dado, pelo autor às Ações gerais e Características de cada medicamento em relação ao Quadro sintomático geral."

Arsênico.

Ação geral e Características

Prostração grande e rápida pelo menor exercício. Ansiedade e agitação. Dores ardentes. Odor cadavérico das secreções.

Agravação

Depois da meia-noite, de uma às três da manhã, por frio e umidade, por bebidas e alimentos frios, pelo álcool, vinho, exercícios, deitado sobre o lado afetado e com a cabeça baixa.

Melhora

Pelo calor, bebidas quentes e a cabeça alta.

Lateralidade

Direita (cabeça, pulmão, abdômen).

Periodicidade

Cada dia; a cada 2, 3, 4 ou 15 dias; a cada 6 semanas; cada ano. A duração do período é tanto mais longa quanto mais antiga é a condição.

Quadro sintomático geral

Prostração profunda que sobrevem rapidamente. Alternâcia entre agitação e depressão em um mesmo dia. Em um momento se sente bem e cheio de vida, e em outro momento está muito deprimido e extremamente fraco. Esgotamento por menos exercício.

ANSIEDADE COM MEDO DA MORTE* (Acon). O medo da morte surge subitamente quando o paciente está sozinho, acredita que está perdido, que é incurável e teimosamente se recusa a tomar os remédios que lhe são administrados.

AGITAÇÃO INTENSA: não consegue descansar tranquilo, muda de lugar continuamente apesar de sua grande fraqueza, e se está muito fraco para se mover, pede constantemente para movê-lo em sua cama. Agitação física e mental que agrava DE UMA ÀS TRÊS DA MANHÃ. Acorda subitamente com uma angústia terrível como se fosse morrer, uma ansiedade que o obriga a sair da cama.

DORES ARDENTES*como se carvão em brasas fosse aplicado sobre as regiões afetadas; sempre Melhora PELO CALOR. As dores geralmente são periódicas: um dia o paciente está bem e um dia está mal.

Ardências nos olhos com lacrimejamento ácido, ardente e escoriante. Edema das pálpebras, ESPECIALMENTE AS INFERIORES* (Apis, Phos). Fotofobia intensa e dor supraorbitária que melhora com o calor.

Otorréia escoriante ofensiva, pouco abundante, com dor aguda nos ouvidos e zumbidos.

Boca seca. Lábios secos, apergaminhados e rachados. Língua seca e vermelha com bordas serrilhadas, às vezes com cor escura. Secura da faringe com ardência da garganta e tendência a aftas e ulcerações. Odor fétido do hálito e salivação.

O paciente bebe pouco, mas freqüentemente. SEDE DE PEQUENAS QUANTIDADES DE ÁGUA GELADA* que descansa como um peso no estômago e depois é expelida (Phos).

Não suporta a visão ou o odor dos alimentos*.

Dores gástricas, ardentes, após ingestão de frutas, sorvetes, bebidas alcoólicas ou após intoxicação por carne estragada.

VÔMITOS VIOLENTOS imediatamente após ter bebido ou INGERIDO QUALQUER COISA. Vômitos que não melhoraM, pútridos, viscosos, alimentares ou sanguinolentos.

Abdômen distendido e doloroso. Dores ardentes que melhoram com aplicações quentes. DIARRÉIA COM VÔMITO (Verat), depois de comer ou beber, seguida de prostração intensa desproporcional à quantidade evacuada. Evacuações pequenas, irritantes, ardentes, escuras, preteadas, às vezes com odor pútrido, cadavérico e sanguinolentas.

Evacuaçõe disentéricas, com dores ardentes, resfriamento das extremidades, vômitos e prostração.

As defecações de Arsenicum são particularmente irritantes e produzem escoriações perianais com prurido e ardência que melhoram por aplicações muito quentes.

Sempre frioreto, com medo do frio, deseja estar aquecido e sempre deseja respirar ar fresco. Põe-se ansioso rapidamente se estiver em uma atmosfera confinada.

Coriza aquosa, ardente, escoriando o lábio superior, melhor com o calor. Febre do feno periódica que melhora com o calor.

Opressão rápida ao menor movimento, ASMA DA MEIA-NOITE ÀS TRÊS DA MANHÃ, forçando o paciente a se levantar, com ansiedade, agitação e medo da morte. Tosse seca e dilacerante, seguida de expectorações pouco abundantes e espumosas, com saliva espumosa.

Dor fixa, aguda no terço superior do pulmão direito ao nível do terceiro espaço itercostal.

Palpitações com fraqueza e tremores. Aceleração do pulso pela manhã e pela menor causa. Tendência a hemorragias: sangue preto, irritante e pútrido.

Ardência ao urinar com micção involuntária. Albuminúria.

Menstruações adiantadas e muito abundantes: sangue preto, irritante, prurido. Dores ardentes e tensivas na região uterina e ao nível do ovários, especialmente do ovário direito que é agravado pelo menor exercício e melhora em um quarto quente e aplicações quentes.

Leucorréia ácida, ardente, irritante, amarelada, pútrida, corrosiva, especialmente quando a paciente está em pé.

Amenorréia com leucorreia pútrida e escoriante. Edema das partes genitais com prurido.

Pele enrugada, seca, de pergaminho, escamosa, com pequenas escamas furfuráceas que se destacam facilmente; a pele fica coberta de suores frios e viscosos nos acessos febris.

Ardência e prurido que agravam à noite, da uma às três da manhã, melhorados com aplicações quentes. O paciente coça até a pele ser arrancada, a pele arde como fogo, então o prurido para, mas assim que a ardência é dissipada, o prurido reaparece novamente.

Erupções escamosas como farelo, duras, que são agravadas pelo frio e coçar, com consequente sangramento, mas sem exsudação. Eczema que agrava no inverno (Petr, Psor).

Furúnculos, antraz, úlceras com ardência intensa que diminuem com o calor e tendência a esfacelar, com secreção pútrida e gasosa. Varizes ardentes.

Tendência a edemas localizados ou generalizados, pele pálida e cerosa.

Clínica

Tríade sintomática: agitação com ansiedade e medo da morte. Ardência que melhora pelo calor. Odor cadavérico de secreções e excreções.

Este é um paciente que precisa de oxigenação. Friorento, agasalha-se mas quer estar com a janela constantemente aberta. O retorno periódico dos sintomas é característico e o intervalo entre cada manifestação é tanto maior quanto mais crônica é a condição. As indicações clínicas de Arsenicum são múltiplas. Todas as doenças infecciosas indicam este remédio: febre tifóide, pneumonia, abcessos ou gangrena; do mesmo modo, todos os estados diatéticos, asma, eczema ou psoríase. Sua ação é considerável no câncer.

Doença de Addison. Albuminúria. Anemia. Antraz. Ascite. Atrepsia. Broncopneumonia. Ciática. Cólera. Colecistite. Convulsões. Coriza. Diarréia. Difteria. Disenteria. Dispneia. Equimoses. Endocardite. Febre intermitente. Febre amarela. Furunculose. Gastralgia. Gripe. Hematêmese. Hemofilia. Hemoptise. Hemorragia. Hemorróidas. Impetigo. Lúpus. Melancolia. Nefrite. Nevralgia. Neurite. Noma. Edema. Impaludismo. Pericardite. Peritiflite. Pleurisia. Púrpura. Sarampo. Tremores. Tuberculose. Tumores. Úlcera estomacal. Úlcera varicosa. Varíola. Vômito. Zona.

Relações

Aconitum (Acon) (mental). Phosphorus (Phos), Rhus tox. (Rhus-t), Veratrum (Verat) (transtornos digestivos). Kreosotum (Kreos) (secreções irritantes). Lachesis (Lach) (toxemia).

Em uma evolução desfavorável, Phosphorus (Phos) e Carbo veg. (Carb-v) são os remédios mais próximos do Arsenicum e vêm a ser seus complementares mais satisfatórios. A indicação de Arsenicum aparece mais freqüentemente em um indivíduo de Sulphur (Sulph) ou Psorinum (Psor), seus complementares habituais.

Doses

6a, 30a e 200a. (4 CH, 5 CH, 7CH.)